Os redatores da “Zeitschrift für Geopolitik”, em 1927, definiram a Geopolítica como a ciência que “indaga os liames que ligam os eventos políticos à Terra e quer indicar as diretrizes da vida política dos Estados, deduzindo-as de um estudo geográfico-histórico. dos fatos políticos, sociais e econômicos e de sua conexão”. O comportamento político e as capacidades militares podem ser explicados e previstos com base no ambiente físico. Este influencia ou até determina a tecnologia, a cultura e a economia dos Estados, sua política interna e externa, e as relações do poder entre os mesmos. As correntes fundamentais da Geopolítica são as formuladas na linha dos conceitos propostos por F. Ratzel e R. Kjellen (o Estado como organismo vivente no espaço) e por K. Haushofer, T. Mackinder, A. T. Mahan e J. Spykman. Provavelmente, todos os estudos de Geopolítica sofreram as conseqüências da má fama que a obra de K. Haushofer suscitou, pois foi o pensamento deste geógrafo e general alemão uma racionalização do expansionismo territorial hitleriano. A Geopolítica de Haushofer, que é unanimemente considerada como um aglomerado pseudocientífico de “metafísica geográfica”, economia, antropologia e racismo, pode ser reduzida à afirmação de que a raça alemã é destinada a levar a paz ao mundo através de sua dominação e, portanto, os outros Estados “devem assegurar à Alemanha todo o seu espaço vital (Lebensraum). O pensamento de Haushofer tinha sua origem na afirmação feita alguns anos antes por um geógrafo inglês, J. Mackinder, defensor da heartland theory. Com base nesta teoria, o domínio da zona central ou heartland (Alemanha oriental, Rússia, Sibéria) e da World Island (Eurásia) permite o controle da faixa periférica ou rimlands (Europa ocidental. Oriente Médio, Índia e China); e o controle desta última faixa assegura o controle das “ilhas circunstantes” (Grã-Bretanha, África, Indonésia e Japão), assim como das “ilhas” transoceânicas (América e Austrália). Com base nesta teoria, Mackinder prognosticava a instauração de um equilíbrio que viesse impedir que um único Estado tivesse condições de dominar a zona central, também chamada de pivot area. Fonte: Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino – Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998

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